sexta-feira, 26 de agosto de 2005

A vida tá uma seca!

Hoje decidi lavar o meu carro. E assim dei início uma odisseia de 9 horas que ainda não acabou... Isto pode parecer pouco importante mas não é... eu não o lavava para aí há ano e meio, no meu modesto contributo de luta contra a seca.

E foi remédio santo... Mal comecei, desatou logo a chuviscar...

Mas o pior ainda estava para vir: se ainda precisava de mais provas em como sou um tipo azarado, bastou eu manifestar o desejo de substituir a capota rígida pela de lona para a chuva apertar e transformar-se em aguaceiro... e só quando eu desisti é que o mau tempo abrandou...

Ora qual será o significado disto?

Todos sabemos que existe uma ordem cósmica no Universo, um equilíbrio relacionado com as leis da física que se tem que manter e que dita que a entropia (ou desorganização, para os leigos) tem que ir sempre aumentando paulatinamente, pelo que sempre que numa galáxia acontece algo de maravilhoso - a invenção do autoclismo, por exemplo - noutro local qualquer há uma grave perda de qualidade de vida... ou sempre que a uma nova forma inteligente de vida surge num qualquer sistema solar obscuro, o Durão Barroso tem que fazer um discurso...

Será que isto significa que quando eu deixar de votar contra os partidos do poder eles se vão demitir de imediato? Ou no momento exacto em que eu deixar de dizer mal do projecto do aeroporto da Ota o Sócrates vai anunciar com pompa e circunstância a inutilidade nacional desse projecto?

Não sei se me arrisque...

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

As férias dos portugueses

Estou em Espanha, mas tão pertinho que - para mal dos meus pecados - a malta adolescente continua a conseguir ver as telenovelas.

E ao ver o telejornal da TVI fiquei a saber que os portugueses estão cheios de sorte porque têm mais férias do que inúmeros outros povos... Do que os filipinos e os chineses, por exemplo (na Europa não, claro, mas não vale a pena falar nesses maus exemplos...).

Estranhei não falarem também de outras grandes referências sociais como o Alto-Volta ou o Burkina-Fasso... mas se calhar foi porque não conseguiram estatísticas favoráveis....

No final da notícia, aquele jornalista que escreveu aquele livro sobre o Estádio das Antas e que agora usa um corte de cabelo ridículo que o faz ficar igual ao finado Freddy Mercury (...mas sem bigode...) termina com a seguinte tirada de mestre: "E agora já se sabe porque a China e a América são o que são..."

Bom... talvez o ideal fosse mesmo começarmos por diminuir as férias ao autor da notícia... a ver se Portugal recuperava a posição que merece no ranking económico mundial. Certamente o mundo inteiro agradeceria por poder contar com mais contributos de jornalista tão informado e inspirado...

Mas o mais certo é ele acabar por ser nomeado director da Lusa por distintos serviços prestados ao Poder...

Eu já sabia que O Público era particularmente popular no tempo dos governos do (outro) engenheiro por garantir uma cobertura mais ou menos constante do que alguns ministros faziam (e também do que eles diziam que iam fazer mas que - coitados - não chegavam a fazer por circunstâncias adversas e falta de compreensão do resto do mundo...) fornecendo assim um fluxo quase constante de páginas que faziam as delícias dos gabinetes e as cabecinhas dos eleitores.

Agora parece que temos também uma televisão privada de serviço à manutenção da imagem do governo... Pois... todos não somos demais...Estamos mesmo a viver o paradigma neoliberal...

Só se fala das vantagens e benefícios associados a coisas e números e nunca a pessoas...

Valha-nos o Papa Bento...

A Expo e os patos

No outro dia estive na Expo... a tentar arranjar lugar para estacionar o carro no meio daquelas ruelas tornadas ainda mais estreitas pelos prédios altos que continuam a surgir como cogumelos por detrás dos tapumes..

Aquilo está transformado num gigantesco estaleiro... ou um vislumbre de paraíso para os patos bravos. Já não há por onde circular nem onde estacionar, tal como nos outros bairros de Lisboa...

Enfim... tem tudo aquilo a que estamos habituados. É bom ver que o dinheiro de todos nós foi tão judiciosamente gasto no proveito de uns poucos... dos mesmos poucos do costume, aliás.

E continuam a usar as mesmas fórmulas de sempre... muito cimento e pouco espaço... Mas só eu é que reparo nisto, infelizmente. Quando vamos a qualquer cidade ou vila espanhola somos imediatamente assaltados pelas imagens de grandeza daquelas avenidas ou simples ruas que eles sabem traçar - com várias vias, passeios generosos, jardins e espaço.

Aqui, neste cantinho à beira mar plantado, resta-nos a consolação de que o bairro oriental de Lisboa, o primeiro exemplo de planeamento urbanístico centralizado desde os idos tempos do Estado Novo, e onde os apartamentos custam o mesmo que em Londres, tem avenidas com a mesma largura de becos dos bairros da periferia de Cáceres

Mas no outro dia fiquei mais sossegado. Um importante economista da nossa praça mencionou numa entrevista a irracionalidade sob o ponto de vista financeiro que constituíram as aventuras da Expo e do Mundial. Até agora nunca tinha ouvido ninguém a dizer isto... a não ser eu... e sentia-me sempre perplexo por ser eu o único a sentir isso.

Isto de ser um homem antes do seu tempo não é nada confortável...

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Marcação homem a homem

Sempre que surge no horizonte um cartaz com a cara simpática do actual Presidente da Câmara Municipal de Sintra (sim, eu sei que ele é do PSD, o partido que nos enterrou até ao pescoço no pântano onde o Eng. Guterres nos abandonou há uns anos e é até comentador desportivo, o que também não abona muito a favor dele... mas é um tipo com o qual não consigo deixar de simpatizar...já viram aquele sorriso? Ele não pode deixar de ser boa pessoa...) aparece logo ao lado um cartaz com o duo ouro rosa do partido no poder.... os dois com uns sorrizinhos esquisitos, a olhar, a olhar...

Vocês acham isto normal? Os partidos gastarem o dinheiro deles - quer dizer, o NOSSO dinheiro - a porem os respectivos candidatos a olharem uns para os outros com sorrisos suspeitos?

E com a sorte que tenho tido ultimamente, o duo fantástico ainda ganha as eleições... E no próximo dia sem carros não vamos ter apenas a Dra. Edite Estrela a passear a sua natural classe numa charrete paga com o dinheiro dos contribuintes (que a vêm pacientemente passar enquanto esperam nas paragens pelos autocarros da insuficiente rede de transportes públicos...). Não senhora! Vamos ter todo um colossal desfile com inúmeras carruagens... uma para cada político famoso eleito...

...tipo Carnaval de Torres...

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

A Comissão Europeia e a gestão portuguesa

Uma associação com a qual colaboro concorreu a um projecto europeu juntamente com um conjunto alargado de outras instituições da União.

Todos os anos Bruxelas repete este processo de candidatura, respeitando os calendários como se de um relógio se tratasse: o prazo para anúncio dos resultados é o fim de Julho? Então antes do dia 15 desse mês já todos os candidatos foram notificados das decisões do júri.

Mas este ano é diferente. Eis chegado o final do mês e nem uma palavra... já se nota até nestas pequeninas coisas do dia-a-dia que está um português ao leme da Comissão Europeia.

A desorganização, o incumprimento das datas por eles próprios fixadas e o desrespeito pelos outros transbordou do exíguo território nacional e está agora também instalado em Bruxelas.

Queixava-se o nosso Presidente da República de que os políticos europeus, quando regressam a casa falam sempre do que conseguiram da União e nunca do que para ela contribuíram... mas isso não se aplica aos nossos políticos... e é nestas alturas que sinto um orgulho irreprimível em ser português.

Porque tenho a certeza que o legado de Durão Barroso se fará sentir em Bruxelas (e arredores), muitos anos depois desse eminente político mundial (ou, direi mesmo Universal?) terminar o seu patriótico consulado.

E são estas pequenas coisas que me fazem ter confiança no nosso futuro colectivo e na nossa classe dirigente...