terça-feira, 9 de outubro de 2007

Regras para participação/condução de um chat



Deixo-vos algumas regras muito genéricas que devemos ter presentes quando participamos neste tipo de conversa em tempo real. Imprima-as, pois são uma boa referência para o futuro.


I - Para que o «Chat não chateie»!

Como todos os que já participaram em conversas através da escrita simultânea (por exemplo usando o IRC, o Messenger, as Conversas, etc.) sabem, esta é uma forma extremamente estimulante de estar com os nossos interlocutores, mas pode rapidamente tornar-se uma babel incompreensível.


Tem alguns aspectos claramente interessantes:


  • Permite que diferentes utilizadores de diferentes origens, meios, idades se encontrem -- Dá-nos tempo para pensar as respostas e explorar o texto de forma mais substantiva

  • O que "dizemos" fica escrito (o que é bom para relembrar e ao mesmo tempo nos obriga a um maior cuidado no que escrevemos)

Tem alguns aspectos desinteressantes:



  • Muito dependente da velocidade pessoal de domínio do teclado

  • A maior lentidão faz com que rapidamente várias conversas cruzadas se iniciem e seja difícil uma intervenção mais cuidada (corre-se o risco de passar a oportunidade para se fazer o respectivo comentário)

  • O nosso limitado domínio do teclado faz com por vezes haja tendência em superficializar os contributos, favorecendo a rapidez com que intervém

  • Como fica um registo escrito, por vezes há tendência para não se ser tão aberto no que se "diz"

  • Cada vez mais difícil de se gerir quanto maior é o número de participantes e menos laços os mesmos tenham já estabelecido

  • Facilmente susceptível à perturbação por parte dos participantes, intencionalmente ou por falta de atenção (por exemplo, por ficarem a olhar para o teclado para escreverem a sua contribuição e enviado-a sem se aperceberem do sentido que a conversa entretanto tomou)

Outro aspecto que pode ser de sinal positivo ou negativo consoante o contexto é o de que em alguns sistemas a participação é anónima – não é este o caso do chat que se utiliza no MOODLE.



Como proceder para podermos pôr o máximo das características da Conversa a funcionar a nosso favor?



  • Uma das forma de se conseguir uma conversa mais consequente é se a mesma for moderada - entendendo-se aqui "moderada" como auto-moderação (controlarmos o momento em que intervimos e se o que dizemos é coerente com o que se está a discutir), mas também com moderação externa, isto é com alguém que assume o papel de dar voz aos vários utilizadores, favorecendo assim a regulação na intervenção.

  • Se pensarmos, nada de essencialmente diferente quando pensamos nos mecanismos que já temos interiorizados para usar numa reunião presencial... Não se fala ao mesmo tempo, não se muda de assunto intempestivamente, ouve-se o que os outros têm para dizer, obedece-se a quem esteja a gerir a reunião...

  • Contudo o meio usado, sugere alguma atenção reforçada - tanto assim é que inicialmente surgiram regras de "etiqueta" para o IRC (durante muito tempo a tecnologia vigente e tal era a novidade e os abusos geradores de inflamadas e caluniosas discussões!).

II . Portanto que sugestões:



  1. Definir previamente e de forma tão clara quanto possível, qual a natureza e objectivo da conversa - convívio, trabalho, estudo... Uma abordagem mais estruturada, indicando previamente um ou mais links da Internet pode ajudar a focalizar a conversa.

  2. Pensar antes de escrever e fazê-lo de forma esforçadamente sintética.

  3. Não introduzir comentários no meio da conversa que não estejam no âmbito do que foi combinado conversar, nem fazer comentários apenas dirigidos a uma pessoa - está-se numa reunião colectiva. Evitar, por exemplo: "Ana, logo sempre nos encontramos no chat para fazer o resto da tarefa?".

  4. Segmentar as frases mais compridas, para evitar que os restantes elementos pensem que não desejamos intervir, sinalizando que ainda não terminámos a frase: por exemplo usando a interrupção numa altura em que a frase não está claramente completa e recorrendo às reticências.

    Por exemplo:

    "Aqui está um exemplo de uma frase extremamente comprida e que a não ser segmentada poderá levar os restantes participantes a pensar que não estou a tencionar participar e quando finalmente o fizer pode ser já fora de contexto." versus "Aqui está um exemplo de... / uma frase extremamente comprida e que... / a não ser segmentada poderá levar os... / restantes participantes a pensar que... / não estou a tencionar participar e... / quando finalmente o fizer pode... / ser já fora de contexto. ." ("/" representa o momento em que enviamos a mensagem. Notar o ponto final no início da linha para simbolizar o fim da intervenção).

  5. Manter uma janela do Bloco de Notas aberta, onde possamos tirar apontamentos que poderemos eventualmente usar na conversa (evitando frases longas que "paralisarão" a discussão já que todos os participantes as procurarão ler).

  6. Se for moderador, procure ter a certeza que dá oportunidade a todos de se expressarem.

  7. Se for moderador, não ter receio de ter um número reduzido de "conversas cruzadas" (duas, três no máximo).

  8. Sempre que pareça adequado para clarificar, refira-se aos participantes pelo nome ou ao assunto a que se pretende referir: "João, quanto ao que disseste...", "Há pouco referiram a comunidade como factor de..."

  9. Se for organizador, considere que uma conversa poderá ser re-arranjada para maior clareza: colocar comentários sobre o mesmo assunto ao pé uns dos outros, sobretudo se forem respostas; retirar mensagens de sistema (que registam as entradas e as saídas dos utilizadores por exemplo) e publicada para futura referência. Levantadas algumas questões mais operativas, de que forma podemos orientar a conversa que estamos a preparar?

III. Uma forma de estruturar a discussão


O formando A faz uma breve intervenção sobre o seu projecto/trabalho com as TIC, referindo:



  1. o contexto de utilização das TIC a que se vão referir – em que curso, ano de escolaridade, disciplina ou área curricular, os programas utilizados, com ou sem Internet;

  2. para que têm sido utilizadas as TIC – para fazer o quê?

  3. como têm sido utilizadas as TIC? - Exemplos: como facilitadoras da escrita? Na resolução de problemas? Na simulação de actividades experimentais? Em projectos colaborativos e de interacção com outros? Recorrendo a uma plataforma on-line como apoio ao trabalho presencial na sala de aula ou a distância? que software tem sido mais utilizado?

  4. Mencionar 3 aspectos positivos que merecem destaque; -- Problemas que tenham surgido; -- Que aspectos podem ser potenciados ou melhorados, e como? -- O que têm aprendido no desenvolvimento deste trabalho (alunos e professores)? -- Possibilidade de indicação de um link para páginas WEB já publicadas ... -- ...

  5. O formando B coloca uma pergunta ao formando A

  6. O formando A responde à pergunta colocada.

  7. O formando C apresenta o seu trabalho (ver ponto 1).

  8. O formando D coloca uma pergunta ao formando C
    ...

Esperamos que estas ideias vos ajudem a (re)descobrir a Conversa como uma ferramenta de trabalho e estudo tão eficaz como se verifica já o ser para o convívio...


Adaptado de: ACIME (2005). Curso de Formação "Gestão da Diversidade e Comunidades de Prática" – M1 As TIC nos Projectos de Intervenção Local por Luís Pitta.

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